quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Três exemplos de como a Educação tem sido repensada no mundo


 

As tecnologias utilizadas nas escolas eram, em sua maioria, destinadas a apresentar o conteúdo aos alunos. Mas, hoje, com a internet e uma quantidade enorme de informações disponível, o desafio é garantir qualidade e eficácia a esse acesso, além de proporcionar uma experiência que respeite as necessidades de cada estudantes e o ajude a ver valor naquilo que aprende. As novas tecnologias trouxeram a professores e gestores a necessidade de repensar a Educação e de entender como elas podem ajudar a garotada a desenvolver habilidades necessárias para os desafios de seu tempo.
Felizmente, a busca pela inovação na Educação é uma tendência global que conta com um grande número de experiências bem-sucedidas. Como pode ser difícil imaginar novos modelos educacionais com base somente na teoria, compartilho abaixo três exemplos de iniciativas inspiradoras que têm gerado ótimos resultados para todos os envolvidos.

Estados Unidos: gamificação na Playmaker School
Nessa escola da Califórnia voltada para os anos finais do Ensino Fundamental, criada pela GameDesk Institute com o financiamento da Bill & Melinda Gates Foundation, o currículo é dividido em módulos temáticos multidisciplinares e o aprendizado se dá por meio de atividades que incluem jogos, simuladores, produção de mídia e criação de projetos. O objetivo é que o aluno construa uma relação significativa (e divertida) com o conhecimento, sem deixar de atender a elevados padrões acadêmicos.
Para o monitoramento do próprio aprendizado, cada estudante recebe uma ferramenta personalizada e interativa chamada Mapa da Aventura. Trata-se de uma representação visual do caminho que ele está percorrendo ao longo do ano, sabendo onde começou, o que aprendeu até então e quais as possibilidades de trajeto. A ferramenta também permite que professores acompanhem o progresso de cada um, sugerindo módulos específicos de acordo com necessidades e déficits observados.

China: ensino personalizado na RDFZ Xishan School
Com o programa The Future School, a escola de Pequim, voltada para alunos de 9 a 18 anos, trocou as aulas tradicionais em forma de palestras por uma abordagem personalizada e baseada em projetos colaborativos que visam desenvolver as habilidades do século 21. Com a orientação dos professores e usando laptops, tablets e smartphones equipados com plataformas educacionais e outros aplicativos, os estudantes buscam maneiras interativas de aprender enquanto trabalham em tarefas desafiadoras. O programa dá ênfase aos estudos sobre construção da informação, mídia e tecnologia.
Hoje com 950 alunos, a RDFZ Xishan School tem se destacado em competições e exames nacionais, e é a única instituição de ensino público chinesa certificada pela Apple como uma Apple Distinguished School, espécie de de selo de qualidade dado a escolas inovadoras e de excelência. Para capacitar seus professores no ensino personalizado, ela se juntou a outras nove instituições de ensino pelo mundo para formar a Aliança Estratégica do Educadores Globais (SAGE), uma rede internacional que promove a troca de conhecimentos e recursos educacionais.


Colômbia: autodidatismo no Colégio Fontán
Essa escola particular de Bogotá, voltada para alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, não possui salas de aula, séries ou aulas expositivas. O Sistema Fontán se baseia no autodidatismo e na personalização para colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem e, assim, combater o desinteresse. Após ser avaliado pelos educadores, cada estudante recebe um plano de estudos com base em suas habilidades e interesses, adequado à maneira como aprende melhor. Ele pode começar as atividades escolares em qualquer dia do ano e levar mais ou menos tempo para concluir o programa, de acordo com seu ritmo e desenvolvimento (mas respeitando alguns limites pré-estabelecidos).
Com a orientação de professores e sempre contando com tecnologias de informação e comunicação, como plataformas digitais e aplicativos, o aluno aprende por meio de projetos. Esse processo busca capacitá-lo para fazer pesquisas e contextualizar o conhecimento com que está trabalhando, identificando sua importância e fazendo a conexão com a própria vivência.
O processo de avaliação é contínuo e, quando o conhecimento atinge o nível de excelência esperado, o aluno parte para um novo projeto. A autonomia de escolher quando, como e onde estudar (já que o material de que precisa se encontra em ambiente digital) lhe permite desenvolver responsabilidade, autoconhecimento, organização e criatividade, entre outras habilidades essenciais para o século 21.
Reconhecido pelo Ministério da Educação colombiano, o sistema já foi implementado em outras escolas públicas e privadas da Colômbia e da Espanha e deve ser levado para outros países da América do Sul e da Europa.


Esses exemplos fazem parte de um universo muito maior de iniciativas brilhantes que, apesar de usarem métodos diferentes, seguem todos para a mesma direção: a valorização do ensino personalizado e de maior autonomia para os alunos e o uso de recursos tecnológicos para viabilizar isso.
Para conhecer outras histórias, recomendo o especial InnoveEdu, resultado de um mapeamento dos melhores casos práticos de inovações em educação no mundo feito pelo Porvir (Brasil), Edsurge (Estados Unidos), Innovation Unit (Reino Unido) e WISE (Catar).

Essa é uma reportagem de Claudio Sassake. Veja mais aqui.

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