quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Planejamento: dúvidas na volta à ativa após as férias

 


Depois de um bom tempo sem pensar nas questões relacionadas ao dia a dia da escola, a aproximação do retorno às aulas exige que o professor comece a se preparar. A rotina é parecida com a de anos anteriores: comparecer aos encontros pedagógicos, tomar conhecimento das suas turmas e, em seguida, planejar o ano letivo.
Esse processo todo pode parecer simples, mas não é. Antes que o ano se inicie, o docente deve investigar os conteúdos mais relevantes da série em que trabalhará, as necessidades de aprendizagem da turma e os desafios típicos da faixa etária de seus alunos. Nessa tarefa, vale recorrer à equipe da própria escola - gestores e colegas professores - e a outros materiais, como projetos e atividades do acervo da escola.

Ainda assim, é normal surgirem dúvidas e problemas durante o planejamento e nas primeiras semanas de aula. Abaixo, respondemos a cinco delas.
Peguei uma turma considerada difícil por meus colegas.

Como me preparo para encarar esse desafio?
Em primeiro lugar, relativizando o conceito de difícil. O comportamento dos alunos depende de sua relação com eles e as impressões sobre a "dificuldade" das turmas são muito particulares. Não são raras as ocasiões em que classes consideradas difíceis por um professor se dão bem com outro. "Ao assumir um grupo novo, o educador não pode carregar preconceitos que surjam a partir de conversas com os colegas - apesar de essa troca ser importante", explica Adriana Ramos, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral das Universidades de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).
Nas conversas com os colegas, procure descobrir quais são especificamente os traços que tornam essa turma "difícil". Os problemas são relacionados a indisciplina, ao desempenho nas avaliações ou a qual outro fator? Caso o problema seja relacionado ao comportamento dos alunos (brigas constantes e divisão da sala em "panelinhas", por exemplo), planeje atividades que beneficiem a convivência, privilegiando o trabalho em grupos. Outra estratégia importante é a separação de um tempo semanal para discutir esses problemas, como as assembleias de classe.

Desconfio que minha turma ainda não tenha consolidados alguns conhecimentos de anos anteriores. O que devo fazer?
Antes de tudo, certifique-se de sua impressão. Uma avaliação diagnóstica precisa é essencial para que o docente parta do que as crianças já sabem e não perca tempo voltando ao que eles já conhecem. Ao notar que a turma - como um todo - não atingiu as expectativas de aprendizagem de anos anteriores, é importante repensar o planejamento. Os conteúdos ainda não dominados pela turma devem ser retomados. "Os alunos não podem deixar de aprender e, se eles não foram assimilados no passado, é papel do professor que assumiu a turma ensinar", defende Débora Rana, formadora do Instituto Avisa Lá e coordenadora pedagógica da escola Projeto Vida, na capital paulista.
Tenho alunos que, apesar de já estarem nos anos finais do Ensino Fundamental, ainda não leem e escrevem convencionalmente.

 Como corrigir esse problema?
A situação precisa ser resolvida pela equipe gestora da escola. Os professores especialistas, que dão aula nesse segmento, não costumam ter formação voltada à alfabetização. Por isso, coordenador e diretor devem planejar uma rotina para que esse aluno seja alfabetizado por um profissional preparado para a tarefa. "Enquanto isso, os docentes da turma contribuem planejando junto com o coordenador pedagógico adaptações e flexibilizações para as atividades em sala de aula para que o aluno não alfabetizado possa participar das aulas com os colegas", defende Débora Rana.
Darei aula em uma série diferente da qual estou acostumado. Como devo me preparar?
Seu planejamento deve ser feito com ainda mais cuidado. Os primeiros passos são conhecer as expectativas de aprendizagem para a nova série, entender as características da faixa etária e se desprender da turma anterior. "O educador também precisa refletir sobre a maneira como sua experiência em uma série diferente pode ajudá-lo nesse novo desafio", defende Daniela Panutti, coordenadora pedagógica da Escola Vera Cruz, na capital paulista. Converse com colegas que já deram aula nessa série e os antigos professores da turma que irá assumir. Eles podem lhe fornecer as informações necessárias para iniciar a esboçar um planejamento, já que conhecem as expectativas de aprendizagem para aquela série e também o ritmo de aprendizagem dos alunos.

Sou novo na escola. Como posso me inteirar?
Conhecer a nova instituição é o ponto mais importante. O professor novato precisa se informar sobre o perfil dos alunos, o projeto político-pedagógico e o regimento da instituição, por exemplo. Os primeiros meses serão de adaptação, em que o docente se desliga gradativamente da escola anterior. "Nesse momento, é preciso tomar cuidado para não fazer muitas comparações e querer transformar o novo colégio no antigo", explica Daniela Panutti. Por outro lado, o olhar estrangeiro pode ser benéfico para a nova instituição. "O novo docente enxerga aspectos que quem está acostumado à rotina escolar já não vê", defende a educadora.

Desconfio que um aluno possa ter uma deficiência intelectual. E agora?
É preciso observá-lo mais atentamente, levantando os traços de comportamento que diferenciam essa criança e a maneira como eles afetam sua aprendizagem.
Com uma descrição detalhada e objetiva em mãos, deve-se recorrer à equipe gestora, que dará as orientações mais adequadas. É preciso que se discuta, nesse momento, quais as necessidades específicas daquele aluno. Há casos em que apenas um ajuste nas propostas de trabalho do professor já é suficiente para que ele acompanhe toda a turma. "Em outras situações, é necessário buscar o apoio da área de saúde e, quando houver um diagnóstico, o atendimento educacional especializado (AEE) pode ser importante", explica Daniela Alonso, especialista em Educação Inclusiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário