sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Ex-funcionário da Subway resolve problema matemático "impossível"


Yitang Zhang era um desconhecido entre os matemáticos até abril de 2013, apesar de ter doutorado pela Universidade de Purdue desde 1991. Em 1999, desempregado, ele se mudou para New Hampshire, onde alguns antigos colegas de classe lhe conseguiram um emprego. Sem cargo fixo na universidade, ele se dividia entre os empregos de contador autônomo, entregador, empregado em um motel e atendente em uma unidade local do Subway. Nas horas vagas escrevia uma tese sobre números primos gêmeos, problema que desafia matemáticos há sete décadas.
Em 2013 ele submeteu o artigo "Bounded gaps between primes" (Lacunas delimitadas entre números primos) para a revista "Annals of Mathematics" após três anos de pesquisas. O teorema criado por Zhang refere-se aos números primos gêmeos — aqueles cuja diferença é igual a 2. Até então acreditava-se que existia uma quantidade infinita de números entre os primos gêmeos, que são mais frequentes quando ocorrem próximos ao 0. Segundo a teoria proposta por Zhang, há, no máximo, 70 milhões — “para os quais as diferenças entre pares de números primos persistem infinitas vezes”, conforme explica uma reportagem do Institute for Advanced Technology.
Isso significa que embora a frequência de ocorrência de dois primos gêmeos aumente progressivamente, ela nunca será superior a 70 milhões de números entre duas ocorrências.
O último avanço obtido acerca desse problema aconteceu há 76 anos. A questão foi levantada pelo matemático Paul Erdos, no início do século XX que, na época, ofereceu US$ 10 mil para quem conseguisse solucionar. A última fórmula criada para calcular a distância máxima entre números primos gêmeos foi desenvolvida em 1936 pelo escocês Robert Rankin — apesar de ser apontada como “ridícula”, nenhuma melhoria havia sido feita até então.
De acordo com o Gizmodo, o teórico Andrew Granville afirmou que ninguém o conhecia. "Agora, de repente, ele tem se mostrado um dos grandes nomes da história da teoria dos números", disse.

Perfil

"Eu nasci para a matemática", disse Yitang Zhang à IAS. "Por muitos anos as coisas não foram fáceis, mas eu não desisti. Eu apenas continuei persistindo. A curiosidade ficou no primeiro lugar do ranking de importância — é o que faz da matemática uma parte indispensável da minha vida".
Yitang nasceu em 1955, cresceu na China durante a revolução comunista da década de 60 e foi criado pela avó, trabalhadora em uma fábrica. Ele explica que não tinha contato com intelectuais. “Era difícil encontrar uma pessoa com educação superior. Era difícil encontrar um livro”, explica. Ele não frequentou o ensino médio e tornou-se um autodidata com livros que ele conseguiu em uma universidade chinesa datados de antes da revolução.
Posteriormente ele ingressou na Universidade de Pequim, onde se destacou. Concluiu o curso de matemática em 1978. De acordo com o professor da Escola de Matemática da Universidade de New Hampshire, Peter Sarnak, Zhang era um aluno de destaque. “Conheci o seu conselheiro na China, que tinha muito orgulho dele, e disse que Zhang era o estudante mais promissor no ano em que ele concluiu o curso”, conta. Mas, segundo uma entrevista de Zhang à revista Nautilus, o motivo de ele não ter conseguido um emprego de professor logo após o doutorado foi a falta de uma carta de recomendação assinada pelo seu conselheiro, Tzuong-Tsieng Moh — que, por sua vez, sustenta que ele nunca lhe pediu uma.
“Ele sempre foi, eu acredito, considerado muito talentoso, mas o inusitado a respeito dele é que não faz coisas elementares. Está sempre fixado em matemática, e não é distraído por nada. Ele é extremamente focado”, detalha.
Cada ponto do trabalho era verificado duas ou mais vezes. “Passei muito tempo checando todos os detalhes e simplificando muitos pontos. Perguntaram-me se eu dormia durante esse período, e eu respondi que sim, dormia muito bem”, relembra Zhang. O primeiro contato que ele teve com o problema dos números primos gêmeos foi no ensino básico, quando vivia em Xangai. “Sempre me interessei por problemas matemáticos, não apenas esse, mas vários problemas teóricos e, é claro, de números primos”, relata.
Em 1991 ele conquistou seu doutorado pela Universidade de Purdue, do estado de Indiana. Depois de ter seu trabalho aprovado, recebeu vários convites para palestras. “Aceitei alguns, mas o que eu queria mesmo era ficar quieto e viver uma vida sossegada e tranquila”, diz. Desde janeiro de 2014 ele é professor efetivo da Universidade de New Hampshire, onde já ministrava algumas aulas e palestras.
Fonte: http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/ex-funcionario-da-subway-faz-descoberta-matematica/96852/ 

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