Boatos se espalham de forma exponencial, segundo Nicolau Saldanha, professor do Departamento de Matemática do Centro Técnico Científico da PUC-Rio. Se uma pessoa conta um boato para outras duas, e cada uma delas para mais duas – e assim sucessivamente –, em dez "rodadas" o boato terá se espalhado para 1.024 pessoas. Após vinte voltas, o rumor terá circulado por mais de um milhão de pessoas. Esta é uma explicação simples para mostrar como os falsos rumores sobre o fim do Bolsa Família rapidamente circularam no último fim de semana.
Boatos sobre a suspensão de pagamentos do Bolsa Família e também sobre um inexistente bônus pelo Dia das Mães levaram milhares de beneficiários a procurar agências da Caixa Econômica Federal, o que gerou filas e tumultos em pontos de saque em 12 estados.
A origem dos boatos ainda é desconhecida, e o governo pediu que a Polícia Federal investigue o caso.
"É um modelo muito simplificado. Na realidade, se você espalha uma notícia assim, muitas vezes a mesma pessoa recebe o boato várias vezes", afirma o professor. "Com isso, a pessoa talvez passe a acreditar que aquela notícia realmente é verdade ao saber de duas fontes diferentes."
Saldanha diz ainda que, pelo "grau de importância" de um boato, a falsa notícia se espalha de forma muito mais rápida do que um desmentido. "É mais rápido espalhar um boato de que se você fizer uma coisa muito rápido vai se dar muito bem [como sacar o dinheiro do Bolsa Família], e se não fizer vai se dar mal. Por outro lado, se é só para dizer que não está acontecendo nada demais, que aquela notícia era falsa, não há um estímulo tão grande."

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